quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Alpargata


Pppppparalelepípedo. Asfaaaaaaaaalto. Numa cidade cuja rua é desregulada com suas pedras devido ao sitema de esgoto antiquado e do tipo que 'se mexer piora', o melhor a fazer é levar a minha Tenko rosa com flores vermelhas e cinzas pintadas para fora da cidade. Alpargata da Rua Florida, cabelo curto, fone de ouvido- este que já me causou tantos quase acidentes de trânsito. Mas hoje não. Parei, esperei carro, caminhão, velhinha. Posso dizer que, aos meus 18 anos, atingi o auge da maturidade ciclista. Fui até a usina, coisa de gente grande querendo manter a forma. O vento fez meus ouvidos doerem. Passei pela prostituta e pelos homens cortando mato na beira da estrada - prefeitura está caprichando no laranja dos uniformes. Minha mãe me ensinou a andar pela mão. Numa das últimas vezes que andamos de bicicleta, nos anos 90, experimentei exceder o limite do acostamento e um caminhão buziou horrores. Minha mãe brigou. E brigou também na vez em que caímos num buraco na beira da estrada de chão, perto da roça, numa quarta-feira de cinzas.
Ah, quem precisa de transporte motorizado? Eu que diga o quanto fui feliz em minha Tenko rosa. O verde das árvores brotava na minha pele. Fosse um hip hop jurássico ou uma bossa nova, eu dançava com ela pela estrada. Era a dona do mundo. Até tucano eu vi hoje. Seria uma coisa incomum? Tucanos em Miracema? Eu vi. Juro. E foram três ou quatro. Não podia mais exitar. Eu queria ir além. Tinha de prolongar aquele estado de contemplação e de louvor à vida durante o desgustar de uma natureza vívida, porém real, suja, porém bela! Era o que eu queria.
Até que minha corrente arrebentou.

2 comentários:

  1. Você realmente tem talento pra escrever e devia trabalhar com isso, parabéns, ótimo texto...bjos

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  2. parei de tirar fotos toscas com você,beijo KKKKKKKKKKKKK

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