sábado, 21 de agosto de 2010

O Acordeón


Churrasco do Tio Paul, pessoa sensata e amigável. Foi tempo em que eu ia de mesa em mesa comprimentando todo mundo. Agora é só um OI geral, a não ser pra pessoas como Seu Zeca, com os seus óculos escuros, lindo e risonho em suas manchas de pele, magrinho e que adora falar comigo. Isso mesmo, Seu Zeca.
Hoje eu assisti um homem tocando acordeón. Lembrei, é claro do pai de Liesel em 'A Menina que Roubava Livros' -isso é pra você, Saukerl. Foi trazido por nós que ficamos embolotadas no banco da frente com calor e uma máquina na mão (foto). Não tinha os olhos cinzas, como os de Hans Huberman. Quem os tinha era o pandeirista, com perna direita falsa e uma blusa vermelha escrita 'Uncertainty, the only thing w'ere certain about', qualquer coisa do tipo. Sentei ao lado do Tio Lauro, intimado a bater o tatan, e o fez com louvor, juntamente com o Vô vereador, no triângulo. Mais tarde, quando nos dava uma carona, Vô comentaria sobre o seus 15 anos como saxofonista da Banda 7. Senhor!
Sofia (foto título) passou, reclamou de ter levado surra de outro bebê, sentou no meu colo, enjoou, saiu. Lusai passou, reclamou de querer ir pra casa, sentou no meu colo, fomos embora. Fiquei pensando no modo como ele maneja aquela caixa azul cintilante, com as teclas encardidas, proporcionais ao tamanho da sastistafação e de seu sorriso largo e da música gaúcha, com goladas de cerveja entre uma música e outra, e na nossa incapacidade de evitar vibrar com aquele som, que salpica num raio de 30 metros alegando que não é preciso dente, roupa condizente e nem perna pra estar ali, sentindo o que pode-se chamar de 'pausa'. Nesta vida é preciso. É preciso.