sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

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Eu vi o linóleo sendo esticado no palco. É aí que eu vejo que a minha posição na hierarquia do balé ganha prestígio, pois trata-se da aproximação bastidores/ alunos. Bastidores estes que não são a carregada equipe que eu imaginei, mas sim o zelador do teatro, o Pedro, e a minha própria professora de balé, que desenrola a fita no chão e vai esticando-a de maneira a ficar ajeitada para evitar nossos escurregões no ensaio de piso a madeira.
Lembro de Clarinha a 4 anos atrás, chegando com botinas pretas, estacionando sua bicileta, já de uniforme para a aula, no Shopping Café. Ela cresceu. Ganhou um solo e deu tudo o que podia. Peitou, como diz Cecília. Manu, que antes não sabia fazer sequer um bom coque, agora dança tango, lutando para encontrar a sensual expressão que a coreografia pede. E as gêmeas, que orgulho! Depois de anos capengando, indo e vindo ao balé como quem vai à missa de vez em quando, tomaram vergonha e trataram de tampar na abdominal. Todo mundo tem sua hora de chegar e dizer: 'Agora eu vou dançar.'
Jú, cá estamos nós que não fomos a quase lugar nenhum. Permanecemos em casa. Nossa casa aonde se pode ir despreocupado, pois aqui podemos adoidar a vestimenta, ser 'an dedan', subir a perna a menos de 90° e ainda se ver querido, confortável, feliz.
Matheus, amanhã repassamos a cola dos passos. É o jeito que há para quem aprendeu a coreografia ontem.

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