segunda-feira, 13 de setembro de 2010

1001 vem, 1001 vai


Obrigada, pai. Hoje eu reconheci a diferença entre morar com você e morar com ninguém.

Os 1001 vão acabar me matando com aquele cheiro de álcool e xixi. Já sentei do lado de diversos tipos. A última foi uma mulher, que estava infeliz com o marido porque este preferiu sentar lá atrás, e beber cerveja com o amigo, a ficar junto dela. Ela era gorda, muito gorda, e chorou olhando pra janela. Outro dia conheci um cara que foi militar quando jovem, mas teve de largar tudo pra procurar emprego porque a namorada estava grávida e precisavam de dinheiro para sutento. Hoje ele trabalha nos correios. Numa segunda-feira de Sol, lá pelas 12h 30min, o ônibus quebrou um pouco antes de Pirapetinga, e nós tivemos que esperar um outro vir de Itaperuna, por duas horas, e foi neste mesmo dia que eu tive de consolar Lília Paula que porventura também estava naquele carro, indo a Niterói especialmente ajudar Tia Teresa com a Mivó. Depois que eu dei a notícia, ela caiu em prantos e ligou para o tio: 'Eugênio? Ainda tem daquele antidepressivo? Toma um aí, a tia Cicida morreu.' E nesse dia o ônibus quebrou mais uma vez, mas um chute no motor foi o sucientente. Sempre dá votande de fazer xixi, aí o jeito é encarar as curvas, fazendo o máximo pra não cair dentro daquela cumbuca prateada, e pode-se até encontrar algo agradável olhando aquela parede de folhas verdes absurdas da Serra dos Órgaos. Mas se você realmente não consegue usar o banheiro móvel, o Mega Grill (seria em Além Paraíba?) onde o Guaravita custa R$ 2,50, serve de socorro, com seus pães de queijo dormidos e pessoas com cara amassadas olhando de maneira doentia para o relógio com medo de serem deixadas para trás (sim, eu sou uma deles). Ontem, lá, eu tive a sorte de encontrar minhas melhores amigas (como isso, meu Deus?) que estavam voltando da UERJ enquanto eu voltava de minha vagabundagem em Miracema. Miracema. A questão não são as 11 horas que gasto pra ir e voltar em um final de semana. É ver Lusai, mãe, Graça com as melhores panquecas do mundo e mais amigos capazes de recarregar minhas energias. E é por isso, apesar do cheiro, do ar codicionado que necrosa meus dedos dos pés e das paradas obrigatórias por causa daquela porra de obra de expanção de estradas no Rio, que eu agradeço à 1001.

Um comentário:

  1. Quando eu tinha sua idade, haviam dois agravantes: a viagem era por Friburgo e não era a 1001. Os ônibus da Itapemirim eram carroças comparados aos de hoje. Parávamos invariavelmente em Pádua, Itaocara, Ponto de Pergunta, Macuco, Cordeiro, Bom Jardim, Friburgo, Cachoeira de Macacu, onde fosse, qualquer canto.
    No entanto, qualquer sacrifício valia para estar na cidade de novo. Se pudesse "volver a los 17", faria tudo de novo.
    Bjs do
    Pai

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