terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Calor que vem com Clair de Lune



Estava indo me deitar quando percebi que precisava aumentar a potência do ventilador, e isso é praticamente um milagre (eu sempre durmo de meia, faça chuva, faça sol). O calor desperta em mim a sensação de completar um ciclo de estações desde que vim pra Niterói. O calor me lembrou Janeiro, quando eu acordava antes das 6 pra me arrumar pra aula na Escola de Dança, da qual eu voltava quase sempre frustrada, no calor escaldante do Sol (e isto é uma denominação bem eufêmica de como ele estava), quando o gel do meu coque escorria pela testa e a camisa do Luiz o deixava marcado. Janeiro deste ano me lembrou Janeiro de 2009, quando eu acordava antes das 4 pra me aquecer, antes de ir para o mesmo curso da Escola de Dança. Acordava com Clair de Lune, do Debussy (é, meu pai conseguiu tirar algum proveito de Twilight, logo que viu a cena no quarto de Edward) e até hoje procuro lembrar das sensações que tive naquela época, por isso sempre abro meu corta-luz e toco Clair de Lune na cabeça, enquanto eu rezo (ouviu, vó? Faço isso todos os dias), procurando por estrelas, e se não às encontro, levanto um pouco e olho as luzes que vem das janelas dos prédios vizinhos. É o meu céu do chão, o mesmo que víamos na chegada a Miracema depois das visitas ao vô Fabinho em Paraíso. Lusai dizia 'Mãe, o céu tá caindo' (e às vezes, para não faltar com as estrelas do céu, a gente parava na beira do asfalto, pegava o colchonete cinza no porta-malas e ficava ali deitada, olhando pra elas. Outro ciclo, outra história. Por fim, estou ouvindo Clair de Lune de verdade na primeira vez no ano e estou vendo o quanto a modifiquei subconscientemente.

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